O poema não quer saber
da poesia para nada
Nem do poeta que o
escreve
Assim que nasce
emancipa-se, corta os laços da filiação
E tenta encontrar um
lugar no mundo
Visibilidade, espaço,
com sorte, fama
O poeta erra ao querer
defender o poema
Ao tomar-lhe as dores
Ao querer tutela-lo até ao
último dia que vive
E depois, quando morre
O poeta espera que o
poema lhe vá levar flores à campa
E que não deixe
esquecerem-lhe o nome
O poeta erra por
pretensão
Porque quer brilhar
mais que o poema
Mas o poema, órfão por
opção, não se importa
Pois sabe que não está
nas mãos do poeta
Ser adoptado pelo mundo
ou não.
Sem comentários:
Enviar um comentário