A mente

A mente é um engano, vá, uma mentira universal e instituída.

É uma ilha dentro da consciência, não passa de uma zona de conforto
Uma compensação da realidade de não existir
É como aquela coisa que compramos e nos oferecemos
Para compensar uma ausência qualquer, que não passa de uma ilusão.

E como ilusão que é, a mente protege-se a si própria
Gerando contextos para se justificar real
Cenários futuros; projecções; reflexos;
Memorias passadas; recordações; lembranças
Ilusões criadas a partir de ilusões.

É o momento em que a realidade por ela criada, a ilusão
Já não a distingue como ilusão, crendo-a real.
O momento em que nos torna escravos
Da sua escolha inconsciente de separação de uma consciência no presente
Escravos, da sua inexistência…

Avatar

Surpreendo-me, quando me dou a pensar em mim
Longe do lugar onde estou
A uma distância reveladora e lúcida
E esse pensamento é tão sólido
Que quase me sinto humano e físico
Quase consigo respirar.

Mas o pensamento é uma dimensão
E lá, sei-me apenas imagem
Avatar da minha inconsciência
A viver uma breve ilusão
Uma existência de controlo remoto
Num mundo fraccionado, fabricado para o efeito
Onde amor, liberdade e respeito
Não passam de palavras vazias
Realidades para experimentar e sentir
Quando voltar a mim e acordar.

Mas que me importam esses pensamentos
São só dores de crescimento sem corpo
Longe do lugar onde estou.

Consciência

A consciência é o meu único deus

O meu único mandamento, não como origem, nem como fim
Mas como meio para todas as coisas imutáveis.

Compreende todos os pensamentos individuais
Todas as filosofias, todas as manifestações físicas e espirituais
E funde-as em unidade, num todo existencial.

Nela não existem conceitos religiosos, nem políticos, nem sociais
Não existe dualidade, não há o certo nem o errado
Porque como todo, não pode ser regida por leis…

Ao todo não se aplicam as leis das partes
São as partes que se regem pelas leis do todo

E ela, a consciência, é a única lei que me rege.