A dor vestirá outras lágrimas

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Os sentimentos acabarão por encontrar abrigo noutras rosas
E perpetuar o sol sobre todos os jardins da Primavera.
A dor humedecida vestirá outras lágrimas
Marcará outras faces nos dias cinzentos, como diamante em bruto.

Nas folhas amarelecidas pelo tempo, ficarão as histórias
Os lugares comuns em que me perdi e encontrei
Mas onde nunca fui inteiro.

No término da força, no findar do pavio que alimenta a chama
O corpo acabará por cair e regressar à sua essência
Sem olhar para trás, a alma seguirá pela estrada da eternidade.

Reclamarei a herança da terra fria que me pertence.
Da vida, deixarei um legado de indiferença
Onde a maior desilusão que enfrentei, fui eu

Sempre estranho por fora, sempre distante por dentro
Sempre reflexo de labirínticos espelhos.

2 comentários:

Bi eL disse...

“Sempre estranho por fora, sempre distante por dentro
Sempre reflexo de labirínticos espelhos.”

Apesar de tudo, a sublimação da dor:

“No término da força, no findar do pavio que alimenta a chama
O corpo acabará por cair e regressar à sua essência
Sem olhar para trás, a alma seguirá pela estrada da eternidade.”


Mas... o que fazer, quando tudo é ausência de luz em que o corpo se fecha?
O que fica, quando a estrada não é mais do que estilhaços da alma, que arde e se consome, por inteiro, nos sulcos da pele?
Memórias, lágrimas, dor.

Obrigada, Nuno, aqui, nos “Em Cantos da Alma”.
Bom fim de semana.

Nuno Silva Marques disse...

Olá Bi eL,

Eu é que tenho que lhe agradecer, a presença, o incentivo, a atenção a este espaço.
Muito obrigado.

Uma excelente semana.