Lembrar-me da chuva não chega

A chuva nasce na pele da terra
Que nasceu no umbigo do universo
Que nasce na menina dos meus olhos
E de repente, isto é tudo o que me lembro.

Já andei à chuva muitas vezes e molhei-me sempre
E molhar-me sempre que chove é o propósito de andar à chuva
É forma de comunicar e sentir
É como ouvir com atenção a história de alguém que já viveu muito.
Molhar-me, é uma conversa íntima entre a chuva e a minha pele
E aquilo que a chuva me conta deve ser bom de aprender
Pois que a sensação não incomoda, nem é de frio
Mas é antes de calor e conforto de um abraço maternal

E de repente, dá-me saudades do beijo da minha mãe
E lembrar-me da chuva não chega
Ouvi-la bater contra o vidro é pouco
Vê-la cair é querer mais
E tenho que sair para a rua e senti-la na pele.

Para conhecer o mundo de verdade
Preciso misturar os sentidos com a realidade
E sentir a existência e o sentido de tudo
E fazê-lo, é uma forma de amar a natureza. 

1 comentário:

Suzete Brainer disse...

As vezes,não sei se escrevo a

palavra que mais se aproxima

do meu encanto pela tua escrita,

pois precisaria da certeza que

que elas (as palavras) levassem

e transmitissem o meu sentir,

a emoção ao contactar com a

tua poesia,poeta...

Sempre uma viagem inesquecível...

Abraço grande de alma!