Debruçado sobre a janela

Debruçado sobre a janela, atento na natureza
E na simplicidade com que ela se manifesta em todos os momentos
Com a expressão de que existe, sem esforço, em si mesma
E isto é algo que me encanta quando o consigo realizar.

Tenho lugar sentado à janela do sonho
Passageiro oculto em viagem com vista para o tempo
O destino é além do campo e da visão, quando não há destino
Onde todos os pontos são pontos de encontro
Sem lugar específico e em todos os lugares
Sem forma definida e em todas as formas
Onde mentes se tocam num vácuo absoluto e vagaroso
E experimentam a totalidade do universo na universalidade do amor

Sou permeável como uma nuvem e nada absorvo
Nada me condiciona a forma
Apenas vejo e aceito a imagem do mundo que vejo
Como se apresenta, tantas vezes carregado e denso
Então, sem pensar, dispenso tudo o que vi
Sem me demorar em tempestades
Chovo tudo, com ligeireza, para o chão.

A realidade é uma farsa
O mundo gira e passa pela anarquia dos sentidos
E como o sentimos
Aquilo que aparenta ser
É na verdade um pouco menos de tudo
E muito mais de nada
Mas é sempre o mesmo, quer a janela esteja meia aberta
Quer esteja, meia janela fechada.

1 comentário:

Suzete Brainer disse...

A janela (o olhar do poeta) é

de uma beleza transcendental

no entendimento profundo

(quântico)da vida.

Dito de forma poética

admirável e sublime...

A tua poesia ocupa um espaço

especial da minha janela!

Abraço de paz,poeta.