Ensaio sobre gravidade

É nas pessoas que se conhece o mundo…
Às costas uma obra em ruínas
Pedregulhos e estilhaços de vidro
Que deixo na berma da estrada

Se a subida fica íngreme
Bebo vinho, cambaleio, sigo em frente   
Dêem-me o ópio da china
Para sair fora de mim

Conto pequenos dilemas em silêncio
Deixo os mortos para trás
Mais a dor ao abandono
Para aliviar o peso, porque ainda falta caminho

[É esta calma
Que me leva para ao fim]

As juntas já vertem diesel nas plantas
Porque a máquina tem folgas 
Paro na oficina do tempo, uma e outra vez
E espero por Newton

A vida é um alpendre invisível
Com tábuas que rangem aos passos
Espanta espíritos magnéticos
E cadeiras empoeiradas 
Com vista para um pomar de macieiras
Em desconto de fim de estação

É nas pessoas que sinto gravidade.


Costa Da Silva  

1 comentário:

Filipe Campos Melo disse...

O vento cai sobre o mundo

E eu conto

os pequenos dilemas do silêncio

Como um verso que ascende

Em ensaio


[É esta calma
Que me leva para até fim]


Tua escrita sempre me faz divagar

Abraço