O mundo não existe amanhã.
Não me lembro de ser eu
Sempre fui realidade a viver fora do corpo.
Estudei uma pauta para ser sistema e decorei-me
Quando acabei o curso sabia menos que uma criança
Fui doutor da minha ilusão e do estudo dos outros
E olhava para tudo sem ver, a imaginar amanhãs
Dentro dos rostos que conhecia, eram-me todos estranhos.
Quis ser quem não era, igual a muitos
Quis ser alguem e o que esperavam de mim e copiei-me
Estava vestido de humano, tão perto que podia tocar-me
Estiquei um braço e empurrei-me contra o mundo
Deitei-me aborrecido a ver-me cair e adormeci
O outro da minha realidade, doutor formado dele mesmo
Perdeu-se no sonho entre rebanhos de gente...
Quando acordei, doeu-me a verdade nos ossos e fiquei em casa
Quis levantar-me da cama mas não consegui
Quando olhei prá rua pela janela do quarto
O mundo estava vazio
E eu estava só.
Nunca mais serei quem fui
Desmascarei o tempo e o espaço, a ilusão
E o mundo nasce hoje dentro de mim.
...Guardo nos olhos o que me mostraste com a clareza dos teus, a beleza dos dias, depois, a tranquilidade das noites e esta sucessão como único milagre da existência do tempo e como ordem real da natureza e dos homens...
“La folie”
Parece quase loucura, esta certeza de te querer
Revelar-te a inquietação que me causa ansiedade
Em palavras, em desejos e segredos por dizer
Qual beijo que sem tempo se guarda na saudade
Parece quase loucura, esta loucura de viver
Do mundo alienado em tão estranha realidade
E procurar, assim perdido, o momento de te ter
No qual te possa mostrar o que sinto de verdade
Parece quase loucura, a certeza que me faz querer
Este desejo que me tortura o corpo sem piedade
Que faz de mim pólvora, bala e arma, sem o saber
Pra matar esta distância que me mata de saudade.
Ensaio sobre gravidade
É nas pessoas que se conhece o mundo…
Às costas uma obra em ruínas
Pedregulhos e estilhaços de vidro
Que deixo na berma da estrada
Se a subida fica íngreme
Bebo vinho, cambaleio, sigo em frente
Dêem-me o ópio da china
Para sair fora de mim
Conto pequenos dilemas em silêncio
Deixo os mortos para trás
Mais a dor ao abandono
Para aliviar o peso, porque ainda falta caminho
[É esta calma
Que me leva para ao fim]
As juntas já vertem diesel nas plantas
Porque a máquina tem folgas
Paro na oficina do tempo, uma e outra vez
E espero por Newton
A vida é um alpendre invisível
Com tábuas que rangem aos passos
Espanta espíritos magnéticos
E cadeiras empoeiradas
Com vista para um pomar de macieiras
Em desconto de fim de estação
É nas pessoas que sinto gravidade.
Costa Da Silva
Em tudo um nada
Alimentar uma essência especial
Talvez uma luz
Interna à matriz que edifica o espírito
Que desfaz o ser.
Desacreditar o que os olhos vêem
O que o corpo sente
Para num passo chegar à verdade.
Ser em tudo com a mesma verdade que se é em nada
Ser tudo com a consciência que se é nada
E incorporar esta condição de existir e viver
Para entender a realidade
Para acordar sem nunca adormecer
Para viver sem nunca viver
Para morrer sem nunca morrer.
Talvez uma luz
Interna à matriz que edifica o espírito
Que desfaz o ser.
Desacreditar o que os olhos vêem
O que o corpo sente
Para num passo chegar à verdade.
Ser em tudo com a mesma verdade que se é em nada
Ser tudo com a consciência que se é nada
E incorporar esta condição de existir e viver
Para entender a realidade
Para acordar sem nunca adormecer
Para viver sem nunca viver
Para morrer sem nunca morrer.
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