À luz de uma lua de Saturno

Um universo de palavras indecentes
Molda a matriz que se repete
Que se renova todos os dias
E troca o fim pelo princípio.

[…]

Se nasci na origem
Foi para morrer no fim de tudo
À luz de uma lua de Saturno  
Por viver com ganas de ter realidades em Vénus
Sem véus nem pudores e sentir no peito
Como um homem que ama uma puta e é feliz

Materializar vida, bêbado em cacho
Transformar sangue em vinho
E viver, todos os dias, desalmado como bastardo
Para chegar lá nem que seja só
Mas, a olhar de frente para tudo, sem medo de ver.

3 comentários:

Filipe Campos Melo disse...

A existência tem uma faceta absolutamente trágica

Talvez essa seja a face do poeta
(é seguramente uma das mais marcantes na tua poesia, e na minha também, acrescento)

Os versos são abrigos, confissões,
quereres profundos,
talvez irrealizáveis (assim o dizem as palavras)

Talvez a poesia seja um aditivo
que nos sustém, como permanência
como esperança, como óbice ao termo

Talvez seja esse o único espaço
onde se olha de frente para tudo sem medo de ver

Um poema muito profundo
que nos invade, contagia, e ao qual não podemos ficar indiferentes

Assim é a boa (muito boa) poesia
Assim é o poeta que sente o mundo

Abraço

Suzete Brainer disse...

À luz de um sentir... Que mergulhe

nos escombros, numa entrega crua e

nua de disfarces, num renascer...

"Mas, a olhar de frente para tudo,

sem medo de ver."

Muito, muito profundo e belo!

Sempre muito bom ler-te!!

Bj.

Maria João Mendes disse...

São os mundos maiores que Mundo
Que tantas vezes nos fazem…
Viver e viver seja á Luz de uma lua de saturno
Ou na sombra de vela, mas ser.

Esplêndido o teu poema, acredita que te entendo.
Gosto muito da tua poesia, Sempre.

Beijo