A água cai e fertiliza a terra

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A água cai e fertiliza a terra sem explicar como nem porquê
Assim nasce uma vida enquanto realizo o mundo inteiro
E sinto na planta dos pés esta verdade universal

Nos primeiros passos que dou a descobri o passar das horas
A imaginar o passar dos dias e a inventar o passar dos anos
Vivendo breves metamorfoses
Numa directa existência rumo a um vazio memorável

Do nada nascem poemas
E nascem jardins entre prisões
Da liberdade nasce uma brisa que suave me sopra o corpo.

Vivo breves metamorfoses sem me conhecer
Vivo outra vez
Mas estranho-me sempre nas úlceras do tempo.

A água cai e fertiliza a terra sem explicar como nem porquê
Nascem jardins entre prisões enquanto realizo uma dor.
Quero-me através do tempo como se fosse hoje falar de mim
Para não me esquecer que vivi.

3 comentários:

Filipe Campos Melo disse...

O verso nasce e cresce
(só o poeta sabe porque)

A dor é um vazio memorável

Sempre profunda e bela tua poesia

Abraço

(já tinha comentado, mas não ficou)

Bi eL disse...

"Vivo breves metamorfoses sem me conhecer
Vivo outra vez
Mas estranho-me sempre nas úlceras do tempo."

Muito belo!

Para quando a poesia "Loftspell" reunida em livro?

Boa tarde, Nuno :)

Suzete Brainer disse...

Querido amigo,
A saudade de ler-te novamente,trouxe-me aqui,nesse teu espaço, onde encontro a mais pura poesia,nascida da fonte da inspiração cristalina e a genialidade do poeta, que simplesmente é...
já dito anteriormente,esse teu poema é de uma beleza sem fim,onde saio transformada,com a transcendência dos sentires,que em mim provocam.
Adoro a tua poesia!!
Bj.