Percorro
em pensamento as minhas memórias reais
Sigo,
com alguma dor, mapeando a terra onde mentalmente me vejo crescer
Faço-o
sem preconceitos, despido de formas concretas
De
normas comuns ao olhar desinteressado do mundo
Liberto
de ideais que formatam os homens
Da
educação que os engorda nas laterais do corpo
Floresta
concreta de sombras caídas
Tão
sólidas e profundamente enraizadas nos corações
Que
se tornam comuns à cidade e ao meu corpo
São
dias abraçados a noites com pouca força nos braços
São
homens que desistem de amar outros homens
E
deixam cair na sombra do ego o amor ao próximo e ao estranho
Porque
amam somente o que é seu
Procuro,
vestido de uma esperança propositada
Pessoas
incomuns que se interessem por pessoas incomuns
E
desejo que este interesse lhes seja comum
Convertendo-as
em pessoas comuns
Que
construam pontes entre estar vivo e viver
E
sejam, no futuro merecido da criança que sou
Arquitectos
de amor das paisagens naturais e humanas
Só,
entre canteiros de flores e árvores crescidas
Perco-me
pensamento plantado quando era luz e nasci
Envelheço
temporalmente por fora, banco, jardim, descoberta
Porque
a terra é fértil e convida a olhar
E
olhar para ela com inocência
É
aprender a viver na cidade
E
falar dela às pessoas
É
escrever poesia com a boca
Mas
é apenas e só
O
meu ar
O
meu sonho
A
minha ilusão.