Não sou eu o que aqui
escreve
É o outro, o real
O que agora me conduz o
pensamento.
É outro que escreve
aqui
O da ciência exacta da
vida, o do materialismo concreto
Poeta dos poemas por
escrever
Ele, o que queria ser e
não existe.
Ele, é o outro, o que
finge
É o que recebe o ordenado ao fim do
mês
Que o obriga a fingir
sorrisos o mês inteiro
E o meu pasmo por ele é
grande
Põe-me espanto no
pensamento
E gargalhada na voz
Mas, por maior que
seja, por ele, o meu pasmo
É maior por mim o pasmo
dele
Pois o desejo de como eu
ser, mas não ter coragem
É o engano de ser o outro
e fingir.
Dual
Fuga e percepção.
Fuga e percepção.
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