A minha casa está vazia
Paredes brancas,
despidas do que agora não se vê
Outrora duvidas e medos a decorar
as salas e os quartos.
A porta, sempre aberta,
já não serve o propósito de a ter fechada
Já ninguém entra e sai
por ela, seja por mim, ou por alguém
Porque a casa está
vazia
Por dentro e por
fora, está vazia a minha casa.
Solta-se do tecto uma
espécie de humidade de tom de azul
Que empurra o ar que
toca o corpo que pisa o chão que suporta tudo.
Pela janela, ao fim da
tarde, entra uma luz que permeia e aquece o pó no ar
Traz-me, com todo o vagar
do mundo, silêncio até à mesa
Onde escrevo, sentado,
a noite que há-de vir também sentar-se a meu lado
E tudo se combina num
misto de nada e de paz
Dando-me tempo e espaço
Para conhecer a casa que agora está vazia.
Para conhecer a casa que agora está vazia.