Debruçado sobre a janela, atento na
natureza
E na simplicidade com que ela se
manifesta em todos os momentos
Com a expressão de que existe, sem
esforço, em si mesma
E isto é algo que me encanta quando o
consigo realizar.
Tenho lugar sentado à janela do sonho
Passageiro oculto em viagem com vista
para o tempo
O destino é além do campo e da visão, quando não há destino
Onde todos os pontos são pontos de
encontro
Sem lugar específico e em todos os
lugares
Sem forma definida e em todas as
formas
Onde mentes se tocam num vácuo
absoluto e vagaroso
E experimentam a totalidade do
universo na universalidade do amor
Sou permeável como uma nuvem e nada
absorvo
Nada me condiciona a forma
Apenas vejo e aceito a imagem do
mundo que vejo
Como se apresenta, tantas vezes
carregado e denso
Então, sem pensar, dispenso tudo o
que vi
Sem me demorar em tempestades
Chovo tudo, com ligeireza, para o
chão.
A realidade é uma farsa
O mundo gira e passa pela anarquia
dos sentidos
E como o sentimos
Aquilo que aparenta ser
É na verdade um pouco menos de tudo
E muito mais de nada
Mas é sempre o mesmo, quer a janela
esteja meia aberta
Quer esteja, meia janela fechada.