Que me desculpem os interessados se os houver
Mas quando morrer, não vou dizer a ninguém
Não haverá carta de despedida nem obituário no jornal.
A morte cairá sobre mim e sobre a vida como camuflagem urbana
Um manto de rotina de todos os dias
Que cobrirá a totalidade da vossa imaginação
Será o meu sonho terminal, a minha piada final
Névoa branca que tolda a negra realidade das coisas
E terei então morrido sem morrer.
Vou viver desajeitado na morte como vivi na vida
No anonimato bivalve com que experimentei o mundo
E esta distância, este descompromisso de me mostrar
Será uma bênção e uma ausência de sentimento para todos.
Quando quiserem saber de mim e não me encontrarem
Irão pensar que estou vivo e será essa a vossa realidade
Pensarão que parti para algum lugar longínquo
Alguma viagem que não cheguei a fazer
E que estou incontactável
Desinteressado de tudo e de todos, como sempre me sentiram.
Ninguém irá saber
Que tudo o que vi no mundo, foi meu sem reservas
Tudo o que vivi na vida, fui eu apenas por inteiro
E depois de morrer, serei eu, pensamento
E só será realmente o fim
Quando ninguém se lembrar que existi.
O fim é uma despedida sem adeus.
3 comentários:
Alvos véus sobre negros céus
Ausências consentidas
Partidas descomprometidas
Sem reservas
o verso que o tempo faz
que o poeta sente
e escreve
Cativa-me este traço filosófico e nostálgico que a tua poesia tantas vezes tem
Abraço
Belíssimo e tocante!!
Deixei a leitura deste teu poema,
carregando lágrimas...
Em mim, a tua voz poética
percorreu a minha alma numa
viagem longa...
Beijo,poeta irmão de alma!
Nuno,
Estou saudosa de ler-te...
Um abraço de paz
para ti e família!
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